se você vier de novo

Quando você vem ou não?
O que você quer de mim?
Deixo por aí
O que você tem?
De onde você é?
Pode me esquecer
Se você quiser
Ou se deixar chover
Se você vier
Eu vou te acompanhar de fitas
Te ajudo a decorar os dias
Te empresto minha neblina
Vamos nos espalhar sem linhas
Ver o mundo girar de cima
No tempo da preguiça
Mas tudo bem
O dia vai raiar
Pra gente se inventar de novo
(Tempo de pipa)

pequenas palavras de uma pequena

Descobri que amo as palavras. Amo as palavras e seus múltiplos significados. Amo as letras, das mais bonitas até aquelas ilegíveis, tortas, estranhas. Descubro-me e em seguida reinvento-me a cada linha que escrevo. Encontro-me em cada um que escreve. Leio e sinto cada verso dos poetas anônimos desse mundo.. poetas independentes. Rascunho a minha vida nas folhas finais do caderno, registro um amor no bloquinho guardado na bolsa, encontro um amor na mais simples poesia. Na dor as palavras no papel me consolam, livro-me da tristeza a cada sílaba que formo. Na alegria as palavras me acompanham, no meu eu elas se enraízam e nos meus versos elas te tocam.

ela quer.. o olho conta

        Daquele jeito de sempre, falando com os olhos. Era assim que ela estava, assim que ela era. Não era preciso mais nada quando ela resolvia se explicar com os olhos. Sem emitir nenhum som as pupilas gritavam tudo que ela queria mostrar e em uma fração de segundos já tinha feito-se entender.

lou(cura) minha

Dedicando-me aos pensamentos, é isso que tenho feito. Vez em quando alimento umas ideias loucas, comprometedoras e que certamente me colocariam em confusões de sentimentos. As loucuras da minha cabeça que logo trato de esquecer, insistentes que são logo as encontro em meu pensamento de novo. Martelam, perduram, perturbam. Eu quase cedo e me deixo levar, quase me pego acreditando e cogitando a hipótese de dizer que não são loucuras, que tudo é possível. E não é?

poetinha

Escrevo meus poemas
Recito, respiro meu dilemas
Sou minha poeta, quieta
Faço minha literatura,
Assassino, adoço a amargura
Não quero contar a ninguém,
Nem faço questão de livros
Poeta que sou
Só registro o que vivo..


Vou sendo serenidade
Abonança procuro entre todas as tempestades
O silêncio é o grito da minha alma
Percorro, corro, encontro a calma
Falo baixo, quero que o coração escute
O berro só chega aos ouvidos,
Não há laço que perdure..
Danço, canto a melodia só no meu compasso
Acho a paz pelo acaso
Menina, força que tem por ser leve
Marcante é por ser  breve.


Fica

Reconheça-me
Me veja, chama, me acena
Perceba, me acerta, carrega
Me leva contigo pra casa
Pra uma conversa, boa, leve
Aproveita o tempo junto
Sem pressa, pressão,quem não merece?
Ajeita a prosa, estica o verso
Me diz, me lê, pergunta
Te conto, te chamo, no fim te peço
Impeço que vá, não quero
Fica, se for, volta
Eu espero

salve a menina dos olhos de deus


"De todo o amor que eu tenho metade foi tu que me deu. Salvando minh'alma da vida, sorrindo e fazendo o meu eu. Se queres partir ir embora me olha da onde estiver, que eu vou te mostrar que eu to pronta. Me colha madura do pé. Salve, salve essa nega, que axé ela tem. Te carrego no colo e te dou minha mão, minha vida depende só do teu encanto. Cila pode ir tranquila teu rebanho tá pronto. Teu olho que brilha e não para, tuas mãos de fazer tudo e até a vida que chamo de minha. Neguinha, te encontro na fé. Me mostre um caminho agora, um jeito de estar sem você. O apego não quer ir embora,  diaxo, ele tem que querer.  Ó meu pai do céu, limpe tudo aí.  Vai chegar a rainha precisando dormir. Quando ela chegar tu me faça um favor: Dê um banto a ela, que ela me benze aonde eu for. O fardo pesado que levas deságua na força que tens. Teu lar é no reino divino, limpinho cheirando alecrim."

Sou

Sou feliz. Entre lágrimas e suspiros, sou feliz. Em meio dias nublados, cinzas, parados, sou feliz. Sou muito feliz. Durante os sorrisos e continuamente durante os abraços, sou mais feliz ainda. Pelas ruas agitadas, pelas pessoas magoadas, continuo feliz. Na manhã tímida, pela tarde tranquila e enfim na madrugada solitária, sou mais feliz. Entre as letras, versos e contos, feliz sou. Na melodia entristecida e na voz rouca, sou feliz.

Respi(ar)

Bastando-me, é assim que tenho ido em frente. Confesso que de vez em quando me pego em meio a frustração por isso, mas logo percebo que isso faz parte de mim e não há mal nenhum. Não há mal nenhum em gostar da minha própria companhia, de precisar de um tempo só pra mim e assim sentir a liberdade. Livre sou e não posso ir contra isso, seria cometer uma crueldade comigo mesma, seria como prender um passarinho dentro de uma gaiola, falta ar e assim ninguém vive.