texto das recordações (das melhores as piores)

Andando de acordo com o tempo. É bom quando acontece, quando conseguimos nos harmonizar com o tempo. Tudo na sua hora, no seu ritmo e sem muitos pensamentos para o que vai acontecer amanhã. Dessa forma nos sobra tempo para viver o dia de hoje da forma mais verdadeira possível, sem aumentar ou diminuir nada. Não é preciso esperar do outro nada além do que ele já é, não é preciso esperar de nós nada além do que já somos. Nada de pensar o que vai ser daqui a uma semana, um mês. Pra quê pressa? É bem melhor quando o tempo anda lado a lado com a gente, quando a gente anda lado a lado com a gente mesmo e assim pode andar do lado de outra pessoa também. Marcando passo junto, ali pé a pé, mesmo que muito devagarzinho. É assim que se chega longe. 

Traindo os poetas

Hoje tive que passar pela dificuldade de escolha. Entre dois desejos precisei enfim escolher por um, esse foi um momento de reclusão só comigo mesma e de muito pensar, pensar e pensar. Entre prós e contras enfim escolhi, concluí que o gosto pela literatura é mesmo de família, uma vez que tenho uma irmã professora de tal disciplina, relembrei meus dias pesquisando (somente por gosto) sobre a vida de vários escritores, minhas aulas no ensino médio em que toda a turma dormia enquanto só eu debatia e participava da aula que era considerada a mais "chata". Fiz uma retrospectiva dos poucos livros de literatura que já li, de alguns personagens que adoro (ênfase para Capitu de Machado de Assis), dos poemas que tenho anotado no fim do caderno, da frase de Guimarães Rosa "Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.", e tive a certeza que nasci para gostar disso, para estudar isso e no fim lecionar. Após a felicidade da decisão tomada fui formalizar tudo, e eis que volto a estaca zero: "O curso de Letras- Literatura/Português não abriu esse semestre". Aos quarenta e cinco do segundo tempo resgatei uma opção distante, mas que também me atraía de alguma forma: Filosofia. Enfim, a decisão foi feita e eu troquei os poetas...

o melhor dos pecados

Se eu peco é no excesso de coragem
Na clareza de ser eu mesmo por opção e não por vaidade
Se eu peco é por não correr de problema
Na vontade de resolver os meus e os nossos dilemas
Se eu peco é pelo instinto da praticidade
Na manha de passar por cima de qualquer bobagem
Se eu peco é no olhar de quando eu me atrevo
Na mania de errar porque eu não tenho medo
Se eu peco é por viver a minha maneira
No hábito de acreditar que a tristeza é sempre passageira


pelo caminho

O passo se lança sem medo pela cidade
Nas suas andanças percebe que a vida é breve e de passo errado ninguém tem piedade
Vai passeando entre as ruas sozinho, nunca foi simpatizante de escolta
O passo descompassado percorre caminhos sem volta
Pela manhã é passo curto, distraído, com sono
A noite já é passo largo pelas madrugadas sem dono